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Aos pequenos viticultores durienses
Casais do Douro (1987), por Georges Dussaud A VINHA, coisa breve. Fica num altinho. E o ti Quim vê ao longe o Marão onde se afundam muitas estrelas brilhantes e é por isso que aí nascem os ventos. Se tossir, levanta-se uma revoada de estorninhos. Estorninhos, ou melhor, um cacho de tinta roriz que solta [...] Continuar a Ler -
Páscoa
Toda a ressurreição é uma passagem. Ressuscitar é mudar de lugar. O que é possível ver no que se não vê. O milagre. E o cientista quântico é um pescador de milagres. De ostras. Há ostras por toda a parte e em cada uma delas uma pérola. A ciência e a religião, imbuídas de arte […]
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O Diabo
No Auto de Natal o actor que fazia de Diabo levou tão a sério o seu papel que, após divertir a assistência, desprendeu um cordeirinho do Presépio e fugiu com ele. Ainda houve quem o perseguisse, mas o marau, enfarruscado, cornos e rabigo, arreganhava a dentuça que cuspia lume. Porra, deixá-lo ir.
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Na terra, camponês
Quinta das Bateiras (1987), por Georges Dussaud Na terra, camponês, vejo-te derreado ao peso de tanto azul, como o chasco que não se deixasse nomear e andasse de ramo em ramo dentro do carrasco, sem descobrir uma saída. Morreremos ambos ao som da mesma flauta, pois ambos temos de cultivar uma vinha em declive. Escrever [...] Continuar a Ler -
Sol crescente
Neste Julho de sol crescente em que até as pedras se convertem em frigideiras gosto de ir até ao quintal e sentar-me à entrada do alpendre, sob a ramada. – Olhe que as plantas, desde uma ervinha a uma videira, têm a sua parte d’alma; ora veja se consegue notar; às vezes, só de estarmos […]
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