• Portugal (1968-69), por Neal Slavin Bastou um sopro

    Portugal (1968-69), por Neal Slavin A Arsénio Mota Os dias contam-lhe o tempo ressequido: o espaço dos passos em Ceuta, a cinza do canto gótico, pomares de coisas muito gastas. Em pequenos círculos, os olhos divisam o rosto com dificuldade: uma estátua de sal, um ceptro de água nos confins da noite. Bastou um sopro [...] Continuar a Ler
  • Feira de Montalegre (décadas de 1950-60) por Artur Pastor Cantares de cegos

    Feira de Montalegre (décadas de 1950-60) por Artur Pastor (fonte) Viam-se com frequência nas feiras da nossa terra cegos a cantarem com o fito na esmola das pessoas que entretanto os rodeavam. Pessoas muitas vezes interessadas, até à emoção, nas geralmente suaves e dolentes histórias que iam ouvindo. Esses tão simpáticos herdeiros dos jograis medievos [...] Continuar a Ler
  • A cidade do Porto em 1789 (Fonte: BNP) O motim

    Dos amotinados de 1757 nomeio a Estrelada. Se gostava da pingoleta coisa que não sei: vinho tem razões que a razão desconhece e as razões são aos milhões. Certo, certo é que o Marquês disse por cima do ombro: nas tabernas do Porto vinho só o da Companhia — ponto final. Vírgula, disse o povo, [...] Continuar a Ler
  • São Sebastião, estampa religiosa (1700-1850?) Feira dos namorados em Vila do Conde

    São Sebastião, estampa religiosa (1700-1850?). Fonte: BNP. Fui lá uma, duas… olhe, aí umas três vezes. Que é como quem diz três ou quatro anos. Era a feira mais catita de Vila do Conde. Sempre, batia sempre no dia de S. Sebastião: no vinte de Janeiro, como o senhor deve saber. Ora… claro que sabe. [...] Continuar a Ler
  • Foto por Juan (Pexels) Se Jesus voltasse ao mundo

    Foto por Juan (Pexels) I Se Jesus voltasse ao mundo, tivesse de renascer, que lugar escolheria? Gostaria de saber. Numa vivenda bonita, daquelas da beira-mar? Num hotel de cinco estrelas, com janelas a brilhar? Coro Pensem lá, mas pensem bem, que nós pensamos também. Vamos pensar, mas a sério; decifrar este mistério. É mistério? Talvez [...] Continuar a Ler
  • Estação de comboio. Da série Portugal (1968-69), por Neal Slavin Poema com história

    Estação de comboio. Da série Portugal (1968-69), por Neal Slavin Éramos seis na gare da estação. Lá no fundo, encostado à parede, só, magnífico, a perna esquerda em triângulo, um rapaz tocava concertina. Um homem de calças engomadas lia o jornal e falava. Falava de guerra. “Que se matem. Uns e outros são contra nós” [...] Continuar a Ler
  • Rosa Alice Branco Rosa Alice Branco

    Prémio Literário António Cabral 2023 Cão e rapariga por Julian Hochgesang em Unsplash Não sei porque é que os dias de canícula se chamam assim — Konrad Lorenz A escrita é um cão a ganir à porta que se abre para lhe dar mimos, o agasalha à lareira com um osso farto e tanto o [...] Continuar a Ler
  • Figueira (Douro) Figos pretos

    Subimos aos calços mais altos em busca dos figos pretos de que a mãe tanto falava. A cor exerce em nós alguma atracção que nos leva a desafiar estes íngremes taludes onde ruíram paredes e com elas as lajes salientes que serviam de degraus. Escorregamos na luz, de pedra, e as figueiras olham-nos como gatos [...] Continuar a Ler
  • Pirulita ou Púcara (dados). Da série "Trás-os-Montes" na década de 1980 por Eduardo Perez Sanchez Pirulita ou púcara (dados)

    Pirulita ou Púcara (dados). Da série "Trás-os-Montes" na década de 1980 por Eduardo Perez Sanchez Um dado, numerado de um a seis, que o chamado banqueiro agita dentro de um púcaro de lata ou copo de plástico, à vista dos outros jogadores e da assistência. Volta a boca do recipiente para baixo, ocultando o dado. [...] Continuar a Ler
  • Chegas de bois Chega de bois em Barroso

    A chega de bois, quando organizada segundo a tradição, é o jogo que mais entusiasmo desperta na gente de Barroso. As aldeias jogam através dos seus queridos e pitorescos representantes que são os bois do povo, sentindo-se homens e mulheres impelidos por uma força que lhes vem do fundo do tempo e do sangue. O [...] Continuar a Ler