• Homem, por Luís Borges Oh meu rico S. João

    Homem, por Luís Borges Ao meu espírito, como aos de toda a gente, dá-lhes às vezes para fazer ventolas no passeio dominical. Sentida a guinada, desvio-me, como não pode deixar de ser. Ainda bem, se o imprevisto é consolador. Ir à Serra da Estrela e parar no caminho para o comes-e-bebes. O sol a derreter [...] Continuar a Ler
  • Fragas, Trás-os-Montes, por Luís Borges Eu…

    Da fraga jorra a água, Eu sou a fraga, A chorar de mágoa. Sou a vinha, Prenhe de vida Na vindima. A derramar folhas Como flores de todas as cores, No outono. Sou a cepa velhinha, retorcida, A contar histórias de vidas, Perdidas no esquecimento. Sou o socalco rasgado Com suor e sofrimento, Degrau da […]

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  • "Apenas eu" por Luis Borges A carta

    Ao António Cabral Amigo, estou bem, obrigado! (Entre nós a verdade persiste) é aqui que gosto de estar, neste largo planalto queimado onde o barrosão ainda resiste. Quero-me no meio deste Povo de suor, de nervos, de olhos baços com mãos que amadurecem o centeio e longas noites para reparação dos cansaços sem fantasmas nem [...] Continuar a Ler
  • Papoilas por Luís Borges A Poesia

    A POESIA é o que há de infinito em cada palavra. Por isso muita gente sente vertigens, mal se abeira dela. Que fazer? Intrigante é que alguma dessa gente tente afugentar as vertigens com uma praga, qualquer, a qual, bem vistas as coisas, tem sempre algo de mágico, de poético. Pergunta-se: Que fazer? Será tal [...] Continuar a Ler
  • Aldeia de Trás-os-Montes, por Luís Borges As nossas aldeias

    Aldeia de Trás-os-Montes, por Luís Borges Ainda não sabias que forma de consolação te iria esperar, ao embrenhares-te pela montanha, de aldeia em aldeia. Estava frio e por ali andava-se aos cogumelos, andava toda a gente. Somos todos cogumelos. E comestíveis, afiança-te o pára-brisas do carro. Ai as nossas aldeias exíguas, as nossas aldeias conspícuas, [...] Continuar a Ler
  • Trabalho agrícola, por Luís Borges A pequena exploração agrícola

    O Douro não é só vinhedos espraiados nas ladeiras voltadas ao rio e nas zonas mais altas, frescas e menos acidentadas: é também a quintarola ou granja de pequenas dimensões, o quintal à beira da casa de habitação ou dela afastado – o praediolum dos romanos.

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  • "Mãos" por Luis Borges Ao correr da pele

    A IDADE, o que tem de poço, intimida, quando nos sentimos envelhecer, quando os números são infinitamente povoados. A tentação de Santo Antão €15.00 O preço original era: €15.00.€13.50O preço atual é: €13.50. Adicionar Continuar a Ler
  • Matança do porco por Luís Borges Matança do porco

    Gordo, gordinho, matulão, o porco chega ao terreiro, conduzido por aquele que havia de lhe pôr termo aos dias de ceva. Mirones, apesar do chuvisco frigidíssimo. Motivo para estar ali um garrafão encarapuçado por um púcaro de alumínio. «Vai um?» «Claro!» Dantes, já lá vão uns anitos, quando eu assistia ao ritual, reparava em um ou dois molhos de palha que se destinavam a faxucar o animalzinho; agora olho, com alguma nostalgia, para uma botija de gás. O fumo da palha tinha outro encanto, carregada que era de símbolos sacrificiais.

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  • Rio, Trás-os-Montes, por Luís Borges E o rio

    E O RIO quem o vê erguer-se do leito e pousar as formosas vogais, de vinha em vinha? O rio tem a forma dum sexo em pleno voo.

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  • Assador de castanhas por Luís Borges 11 de Novembro

    Naquele magusto, já estava o sol a pôr-se e a gente continuava a dançar à volta do borralho. Alguém aproveitou o contra-luz para tirar uma fotografia onde se vê a alma de uma rapariga celta a voar para o castro. Há quem diga que não, que é apenas um efeito luminoso, aliás interessante. Fica a […]

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