• Meninas, Georges Dussaud O jogo autárquico

    Certos órgãos do poder, não só em Portugal, cultivam a superficialidade porque ela, sendo o espaço imediato, se converte facilmente num meio de promoção. O que lhes importa é a acção vistosa e concordante com as tendências do gosto dos espectadores, o qual é na generalidade o gosto para esquecer o quotidiano, o gosto-passatempo. Os [...] Continuar a Ler
  • Botafumeiro, Catedral de Santiago de Compostela (por Geoff Fox, Flickr) Ainda o caminho de Santiago

    Pelo que disse no número anterior, parece justificar-se a existência de placas nalgumas estradas portuguesas a atestarem que por ali passaram peregrinos rumo a Compostela. Mas atenção, leitores, isto de alcançar o título oficial de peregrino não é pêra doce. É preciso jornadear pelo menos cem quilómetros a pé ou duzentos de bicicleta. Coisa que [...] Continuar a Ler
  • Capa da revista 'Ilustração', n.º 60 de 16-6-1928 (ilustração por Jorge Barradas) Valham-nos os santos populares

    Capa da revista 'Ilustração', n.º 60 de 16-6-1928 (ilustração por Jorge Barradas). Fonte: Hemeroteca de Lisboa. A onda de direita que assola a Europa tem na crista uma luzinha que atrai os eleitores e essa luzinha é a promessa de instalar a ordem, pondo cobro à violência e ao crime. De facto a esquerda não [...] Continuar a Ler
  • Criança migrante marroquina Meditação com um menino

    “Aonde vás, niño?” Luís Alberto de Paraná 1 Aonde vais, menino, com esse olhar que se alonga, alonga como se fosse dar a volta ao mundo? Quantos anos tens? Que idade futura? Quem te deu esses olhos e pôs uma bárbara estrela a devorar o silêncio? 2 Podias ter ficado na rua com os outros [...] Continuar a Ler
  • Diário de Notícias. Foto de Alfredo Cunha. Quadras e quadros

    Diário de Notícias. Foto de Alfredo Cunha. Gosto de me servir dos dicionários. Quantas ideias me oferecem, sem pedirem em troca mais do que o preço de os comprar e/ou consultar! Abro o Petit Larousse e leio (traduzo): “revolução: mudança brusca e violenta na estrutura económica, social ou política de um Estado”. É evidente que [...] Continuar a Ler
  • A Leste de Ferrão, Douro, por loose_grip_99 (Flickr) Junqueiro na berlinda

    "Inquiriram, uma ocasião, de Junqueiro que paisagem portuguesa preferia. Respondeu: - Prefiro o Buçaco e as praias do Sul. A floresta e o mar são as aproximações do infinito. A floresta é uma oração; o mar uma grande messe de ondas. - E Barca de Alva, Sr. Junqueiro? - Barca de Alva é demasiado trágico [...] Continuar a Ler
  • Morcego. Foto de Igam Ogam (Unsplash) Baile de caretos

    A Cristina teve de optar entre dois pretendentes e optou. O Zeca não tinha nada com isso, pois não, mas jurou vingar-se, escolhendo um momento azado do Entrudo, o baile de caretos que o Vespertílio organizava anualmente no salão de festas. O baile começava à meia noite e prolongava-se até às tantas da matina, sendo [...] Continuar a Ler
  • Sem abrigo por Rui Oliveira Não é fácil, Senhor, a vida que nos deste

    Não é fácil, Senhor, a vida que nos deste. Se há momentos serenos como lagos inundados de sol, também há a seiva escura, infindável e escura, de muitas horas que cansam e fazem doer a alma. Há longas esperanças que, depois de levarem o melhor dos nossos sonhos, desabam de repente. Há o fracasso, o [...] Continuar a Ler
  • Soutelo do Douro: homens dos lagares (Quinta dos Aciprestes) por Emílio Biel Historinhas de Galegos no Douro – parte 3/3

    As chouriças doces Ao fim duns tempos, juntaram-se os três grupos porque já tinham saudades uns dos outros. Foram dar a uma aldeia onde se distribuíram por quatro casas de lavoura. A um rancho numa delas deram-lhe chouriças doces com água-pé. Comeram, comeram e tanto gostaram que pediram à patroa-nai [1. mãe] que lhes ensinasse [...] Continuar a Ler
  • Vindima no Douro por Emílio Biel Historinhas de Galegos no Douro – parte 2/3

    Amaruchar amarucham Um dia, iam de uma aldeia para outra e sentiram fome. Viram um portuguesito que estava a varejar umas nogueiras e lá lhes pareceu que eram pessegueiros. Regulavam mal da cabeça, tal a larica e a sede que deles se tinham apoderado. O mais afouto e reguila, o tal que contava os outros [...] Continuar a Ler