• Rio Douro Cruzeiro no Douro

    O que mais perplexo me deixou numa viagem rio acima foi este velho e célebre pensamento: o caminho que sobe e o caminho que desce são um e o mesmo. Olhei em várias direcções e acabei por revelar a minha perplexidade a um companheiro de ocasião que como eu estava junto da amurada. Para mim [...] Continuar a Ler
  • António Canteiro António Canteiro

    Prémio Literário António Cabral 2019 Foto de Matt Hoffman (Unsplash) (…) Cai em gotas, das folhas a manhã deslumbrada - Carlos de Oliveira Gândara A terra freme farta de chuva Uivam douradas dunas na orgia do vento ao sul Imaculados corpos dormem sobre descampados Arde ainda o dia Casa de adobo na cinza das palavras Continuar a Ler
  • "The last generation" por José Flacho Por aqui não

    Aldeia de Trás-os-Montes, por Luís Borges Por aqui não há fábricas, há uns lagares de azeite e é um pau; mas também não há greves: já o negócio não vai assim tão mau. Nas eleições toca-se em tom de lá de baixo: essa é a cau- sa de os que mandam manda- dos terem umas [...] Continuar a Ler
  • Edmund J Sullivan, ilustração para o Rubáiyát de Omar Khayyam Provérbios da vinha e do vinho

    O uso corrente da língua torna o provérbio como sinónimo de ditado popular, adágio, anexim e rifão. Alguns linguistas têm feito a distinção dos termos, valendo a pena observar que o anexim apresenta geralmente forma rimada e carácter moralizante (ex.: quem o alheio veste/ na praça o despe) e o adágio, voltado também para a prática, é marcado por uma intenção espirituosa (ex.: vozes de burro não chegam ao céu; nariz de homem, cu de mulher e focinho de cão não conhecem Verão). Ficam o provérbio, o rifão e o ditado, como equivalentes; constituem nas suas linhas gerais uma observação fina e cintilante do viver, apoiada na experiência, sem terem necessariamente cunho apelativo.

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  • Gare do Pinhão (1985), por Georges Dussaud Pinhão, 8,20

    Gare do Pinhão (1985), por Georges Dussaud Em Junho, a fruta começa a apetecer. Um homem passeia no cais e debulha uma nêspera com ar de quem faz horas. 8,20 - diz o relógio. Espera-se. O comboio, um monstro de cem bocas, pardo e caduco, fumega lentamente como um charuto abandonado. Manhã de vidro. Vê-se [...] Continuar a Ler
  • Casa do Douro, Peso da Régua A Casa do Douro

    Empregados, vitrais, papéis, protestos, ralhos, tonéis e, lá do alto, um presidente. Um tronco para longas ramagens que se estendem, opulentas ou não, sobre o rio. Um tronco carcomido por velhos quindins, Em todo o caso, um tronco. Tirai a conclusão – diria Brecht. A conclusão, às vezes, é um queijo sem faca – penso […]

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  • Sketchbook por Fiona Lumbers À minha filha Eva brincando com um papel

    1 Tu és o ser mais belo do mundo. O ser em toda a sua beleza enchendo o meu espaço. Que bom, filha, falar-te com esta simplicidade! Vejo em ti o mundo que começa, sem estrelas ainda altas, sem rios que dividem, um impulso de luz, uma luz que eu não sei donde vem, apesar […]

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  • Postal censurado, Sabrosa-Peniche (fonte: Clube Filatélico de Portugal) À saída do correio

    - Donde vem a carta, senhora Maria? - Vem da capital é da Companhia. (A Maria Pêdra tem um ar de pedra onde nem deixaram crescer uma erva). - E que diz a carta, senhora Maria? - Que no Douro o sol nasce ao meio-dia. (A Maria Pêdra fala como quem entra numa igreja e [...] Continuar a Ler
  • Mulher de Parada de Gatim com cântaro à cabeça. Autoria provável de Santos Júnior. Descalça vai para a fonte

    Mulher de Parada de Gatim com cântaro à cabeça. Autoria provável de Santos Júnior. Via: Isabel Maria Granja Fernandes. 'A loiça preta em Portugal: Estudo histórico, modos de fazer e de usar. Parte I' I Descalça vai para a fonte Leonor pela verdura: vai formosa e não segura. II Se tivesse umas chinelas iria melhor…; [...] Continuar a Ler
  • Serra do Marão O Marão

    Os olhos ficam nesse corpo enorme Que emerge das funduras, Lá no fundo do mundo, E põe os ombros firmes nas alturas. Cimo tão belo como irresistível! Sente-se, ao demandá-lo, O embalo Da esperança ao devorar um impossível.

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