Arquivos da Categoria

    Tradições Populares

  • Tudo

Prosa & Poesia – Tradições Populares | Em memória do poeta, ficcionista, cronista, ensaísta, dramaturgo, etnógrafo e divulgador da cultura popular portuguesa

  • A compridíssima mesa, feita de mesas sucessivas. Foto por Fernando DC Ribeiro. Mezinha de S. Sebastião

    A compridíssima mesa, feita de mesas sucessivas. Foto por Fernando DC Ribeiro. Professor que sou, fiz há tempos o plano de uma visita de estudo à Mezinha de S. Sebastião, em Couto de Dornelas no concelho de Boticas, visita que também podia efectuar-se aos lugares de Samão e Gondiães que ficam ali perto, já no [...] Continuar a Ler
  • Reis Magos, Sagrada Família, Barcelona Reis ou Janeiras

    Os Reis ou Janeiras cantam-se normalmente entre os dias 1 e 6 de Janeiro, sendo este o dia em que se comemora liturgicamente a Epifania do Senhor, que é a manifestação do Menino recém-nascido. Há, porém, lugares onde o costume tem o seu começo logo a partir do Natal, o que de resto proporciona mais […]

    Continuar a Ler
  • Lamego A Senhora dos Remédios

    Em Setembro é a Senhora dos Remédios. Mãe, deixe-me ir à Senhora dos Remédios. Já tenho dezassete anos, já não uso tranças e sei-me portar como uma senhora: já posso ir à Senhora dos Remédios. Aquilo é que é uma festa, mãe. Disse o João que nem o Viso nem o S. Leonardo juntos chegam [...] Continuar a Ler
  • Balão de São João Aquele São João

    O que ninguém viu, salvo uma senhora, e eu também não vi, ia lá ver essas coisas naquele tempo, foi aparecer um fantasma junto à cascata. Mas vamos por partes.

    Na rua em que nasci acendiam-se lamparinas na noite de São João. E também se deitava um balão, pelo menos. Era vê-lo a subir para as estrelas. E eu, ainda pirralho, pensava que as estrelas, sobretudo a lua, iam ficar contentes com a companhia e não lhes dava para caírem na rua em cima de nós. As lamparinas suspensas de meia dúzia de arames de vinha, essas é que eram o meu encanto. Grisetas de azeite a bruxulearem no fundo dum copo de papel de seda, as lamparinas atraíam os olhos da pequenada que luziam com elas.

    Continuar a Ler
  • Quilhõezinhos de S. Gonçalo, doce de forma fálica popular durante as festas amarantinas. S. Gonçalo de Amarante

    Por ter querido fugir ao Inverno, a grande festa de Amarante transferiu-se do dia de S. Gonçalo, 19 de Janeiro, para o primeiro sábado de Junho, conservando-se em Janeiro a celebração religiosa e diversificando-se em Junho os folguedos, sem esquecer a memória do santo popular. Popular a valer, especialmente invocado como casamenteiro das velhas, conforme reza longa tradição. Tal aura prodigiosa não se sabe lá muito bem quando principiou; ela, porém, tem-se mantido, com alguma apreensão das raparigas solteiras de cujas – pelo visto legítimas – queixas ficou a célebre quadra:

    Continuar a Ler
  • Carnaval Símbolos de Carnaval

    Toda a cultura é simbólica. O que é preciso é estar atento ao significado dos símbolos. Vejamos alguns. 1. Os carnavais da sora Professora Sobretudo nas aldeias, era interessante ver a ganapada em cortejo, a cantar e a tocar no que vinha à mão, rumando à escola onde a sora Professora (ou professor, claro) aguardava [...] Continuar a Ler
  • Corrida de cântaros em Alijó (do espólio do autor) Corrida de almudes

    Corrida de cântaros em Alijó (do espólio do autor) Ainda me lembro de um rapaz e de uma rapariga que, na minha aldeia, corriam ao desafio, cada qual com o seu caneco de almude cheio de vinho mosto à cabeça. Toda a vinificação se fazia praticamente na aldeia e, como nem todos os lavradores tinham [...] Continuar a Ler
  • Pai da Carne O Pai da Carne

    É assim que lhe chamam em Cheires (concelho de Alijó): Pai da Carne – um grande boneco de palha e trapos, com um falo monumental. A festa acontece na noite de Terça-Feira Gorda e é um dos luxos da rapaziada, um luxo que no fundo é um ato de expansão instintiva onde rumoreja um simbolismo que deve ser analisado.

    Continuar a Ler
  • Matança do porco por Luís Borges Matança do porco

    Gordo, gordinho, matulão, o porco chega ao terreiro, conduzido por aquele que havia de lhe pôr termo aos dias de ceva. Mirones, apesar do chuvisco frigidíssimo. Motivo para estar ali um garrafão encarapuçado por um púcaro de alumínio. «Vai um?» «Claro!» Dantes, já lá vão uns anitos, quando eu assistia ao ritual, reparava em um ou dois molhos de palha que se destinavam a faxucar o animalzinho; agora olho, com alguma nostalgia, para uma botija de gás. O fumo da palha tinha outro encanto, carregada que era de símbolos sacrificiais.

    Continuar a Ler
  • Jogo das panelas suspensas As panelas suspensas

    Na Idade Média praticavam-se as cavalhadas (do castelhano caballadas), torneios de cavaleiros que, com um pau ou uma cana e cavalo à desfilada, procuravam tocar em objetos suspensos de uma corda. O jogo das panelas com burro terá aí a sua origem. Espécie de imitação burlesca. Mas este jogo pode dispensar, como mais acontece, os [...] Continuar a Ler