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    Tradições Populares

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Prosa & Poesia – Tradições Populares | Em memória do poeta, ficcionista, cronista, ensaísta, dramaturgo, etnógrafo e divulgador da cultura popular portuguesa

  • Meninas, Georges Dussaud O jogo autárquico

    Certos órgãos do poder, não só em Portugal, cultivam a superficialidade porque ela, sendo o espaço imediato, se converte facilmente num meio de promoção. O que lhes importa é a acção vistosa e concordante com as tendências do gosto dos espectadores, o qual é na generalidade o gosto para esquecer o quotidiano, o gosto-passatempo. Os [...] Continuar a Ler
  • Morcego. Foto de Igam Ogam (Unsplash) Baile de caretos

    A Cristina teve de optar entre dois pretendentes e optou. O Zeca não tinha nada com isso, pois não, mas jurou vingar-se, escolhendo um momento azado do Entrudo, o baile de caretos que o Vespertílio organizava anualmente no salão de festas. O baile começava à meia noite e prolongava-se até às tantas da matina, sendo [...] Continuar a Ler
  • Maias (Maio-Moço) Maio-Moço

    O meu Maio-Moço ele lá vem vestido de verde que parece bem. O meu Maio-Moço chama-se João; faz-me guarda à casa como um capitão. Refrão Ele lá vem pelas hortas abaixo. Ele lá vem. pelas vinhas acima. Viva, viva lá! Que passe muito bem. É esta uma cantiga algarvia que alude ao costume de um [...] Continuar a Ler
  • Careto de Podence Algumas tradições do Carnaval (em Trás-os-Montes e Alto Douro)

    Em Paradinha Nova fazem bonecos de palha, no dia de Carnaval, e distribuem-nos pelos bairros da aldeia. À noite, embarram-nos em árvores e destroem-nos à pancada, com paus. Em Pinela e Babe, os vizinhos entram em casa no dia de Carnaval e trocam a panela do butelo por outra onde há apenas cebola. Em Babe [...] Continuar a Ler
  • Edmund J Sullivan, ilustração para o Rubáiyát de Omar Khayyam Provérbios da vinha e do vinho

    O uso corrente da língua torna o provérbio como sinónimo de ditado popular, adágio, anexim e rifão. Alguns linguistas têm feito a distinção dos termos, valendo a pena observar que o anexim apresenta geralmente forma rimada e carácter moralizante (ex.: quem o alheio veste/ na praça o despe) e o adágio, voltado também para a prática, é marcado por uma intenção espirituosa (ex.: vozes de burro não chegam ao céu; nariz de homem, cu de mulher e focinho de cão não conhecem Verão). Ficam o provérbio, o rifão e o ditado, como equivalentes; constituem nas suas linhas gerais uma observação fina e cintilante do viver, apoiada na experiência, sem terem necessariamente cunho apelativo.

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  • Caqueirada, cacos, Carnaval, Entrudo, caqueira, cantarinhas, panelas, caçoilos, pucarinhos, bizorros, bilhas, cabaça, pucarinhos, cacadas, casquelhadas, quartão, casquelhos, caqueiros, testadas A caqueirada

    No Carnaval até os cacos entram no banzé: cacos de louça partida e cacos de louça a partir. Como se fosse o tempo de atribuir uma função útil a sarandalhas e escassilhos que já deram o que tinham a dar. Como se o atirá-los para dentro de uma casa fosse um aviso; como se provocá-los ainda uma vez fizesse transpirar do gesto uma lição; ou como se isso não passasse de um excessozinho eufórico em tempo de tácitas permissões.

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  • La Scala (Les yeux), Vieira da Silva (1937) A missa do galo

    A Missa do Galo começa à meia noite, mas o Catrino chega uns minutos depois e encosta-se à pia de água benta no fundo da igreja. Calado como um rato, não reza nem canta, vendo-se-lhe somente bulir os olhos, como se fossem as luzinhas dum gravador. Ou pontos de interrogação.

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  • Homem, por Luís Borges Oh meu rico S. João

    Homem, por Luís Borges Ao meu espírito, como aos de toda a gente, dá-lhes às vezes para fazer ventolas no passeio dominical. Sentida a guinada, desvio-me, como não pode deixar de ser. Ainda bem, se o imprevisto é consolador. Ir à Serra da Estrela e parar no caminho para o comes-e-bebes. O sol a derreter [...] Continuar a Ler
  • Crianças a brincar Porretas & Bugalhos

    Se a música tem a idade dos pássaros e dos ventos na janela, esta banda também e com ela a minha infância. Bandinha de Porretas & Bugalhos, gloriosa bandinha, que ainda hoje vejo passar nas ruas em declive, voo rasante comigo dentro. Perdi muita coisa desde então e a primeira foi a noção do tempo […]

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  • Pulhas As pulhas e os casamentos

    – Ó CA-MA-RA-DA… A…A!…

    – Uma “pulha” – diz Aninhas mal disposta, olhar atento. – Embirro do Entrudo só por estas malditas “pulhas”. Põem ao léu a verdade e a mentira do bom e do mau…

    A este tempo já de outro ponto eminente, da Horta do Ferrão, para que os pregões se cruzem sobre o povoado, outra voz, também cavernosa, também arrastada, também através de uma buzina:

    – Que… é… lá – á – á?

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