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Historinhas de Galegos no Douro – parte 3/3
As chouriças doces Ao fim duns tempos, juntaram-se os três grupos porque já tinham saudades uns dos outros. Foram dar a uma aldeia onde se distribuíram por quatro casas de lavoura. A um rancho numa delas deram-lhe chouriças doces com água-pé. Comeram, comeram e tanto gostaram que pediram à patroa-nai [1. mãe] que lhes ensinasse [...] Continuar a Ler -
Historinhas de Galegos no Douro – parte 2/3
Amaruchar amarucham Um dia, iam de uma aldeia para outra e sentiram fome. Viram um portuguesito que estava a varejar umas nogueiras e lá lhes pareceu que eram pessegueiros. Regulavam mal da cabeça, tal a larica e a sede que deles se tinham apoderado. O mais afouto e reguila, o tal que contava os outros [...] Continuar a Ler -
Historinhas de Galegos no Douro – parte 1/3
Nestas historinhas de galegos a quem o Douro muito deve mantenho, quanto à estrutura diegética, o que me foi contado sobretudo pelos meus pais, quando eu era ainda criança, e que numas curtas férias de Entrudo, passadas com a minha mulher em Castedo do Douro (8-13, Fevereiro, 2002), relembro com a minha irmã que me [...] Continuar a Ler -
O Caminho de Santiago
Entende-se por Caminho de Santiago a via que os peregrinos percorriam e percorrem até Santiago de Compostela em cuja catedral se crê estar o túmulo do apóstolo S. Tiago. De Portugal, segundo estatística dos anos oitenta deste século [1. O autor refere-se ao século XX.] , os devotos não afluem em tão grande número como [...] Continuar a Ler -
Lendas mouras do monte de S. Leonardo
A ponta de rochedos que é o morro de S. Leonardo, em Galafura, debruçado sobre o grande vale duriense, presta-se a que ali florissem lendas de mouras encantadas, cerzidas umas nas outras e afins das que pululam por toda a região. O que as distingue é constituírem um conjunto harmonioso e pitoresco, ligado ao efeito [...] Continuar a Ler -
Cruzeiro no Douro
O que mais perplexo me deixou numa viagem rio acima foi este velho e célebre pensamento: o caminho que sobe e o caminho que desce são um e o mesmo. Olhei em várias direcções e acabei por revelar a minha perplexidade a um companheiro de ocasião que como eu estava junto da amurada. Para mim [...] Continuar a Ler -
A caqueirada
No Carnaval até os cacos entram no banzé: cacos de louça partida e cacos de louça a partir. Como se fosse o tempo de atribuir uma função útil a sarandalhas e escassilhos que já deram o que tinham a dar. Como se o atirá-los para dentro de uma casa fosse um aviso; como se provocá-los ainda uma vez fizesse transpirar do gesto uma lição; ou como se isso não passasse de um excessozinho eufórico em tempo de tácitas permissões.
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Oh meu rico S. João
Homem, por Luís Borges Ao meu espírito, como aos de toda a gente, dá-lhes às vezes para fazer ventolas no passeio dominical. Sentida a guinada, desvio-me, como não pode deixar de ser. Ainda bem, se o imprevisto é consolador. Ir à Serra da Estrela e parar no caminho para o comes-e-bebes. O sol a derreter [...] Continuar a Ler -
Verde e ar puro
– Quando quiser, é só apitar.
Apitei. O telefone não dá apenas chatices, sendo a chatice-mor as contas galopantes: dá também para combinar uns petiscos em tarde azul. A minha cara-metade a acompanhar-me no bolinhas, não vá um tipo tresmalhar-se nos regalos e na pingoleta. Já ao curvetear no Espinheiro, em terras marónicas de Candemil, o verde-terra me acariciou. E na rampinha do restaurante o casal Miranda a receber-nos de braços abertos. Dos sinceros, não dos parlamentares, ainda que estivéssemos na celeste parvónia do eloquente António Cândido, deputado dos quatro costados.
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À sombra das amendoeiras em flor
Almendra, nome de amêndoa, perfume de amendoeira. Se não voltasse a Almendra, suspirava a vida inteira. É assim. Quem anda longe da sua terra não sossega enquanto não regressar, mesmo numas curtas férias. Como um “brasileiro” que eu conheci na minha aldeia: “Aqui sinto-me no Reino da Glória”. Ou Guerra Junqueiro: “ai há quantos anos…” [...] Continuar a Ler