• Quinta das Bateiras (1987), por Georges Dussaud Na terra, camponês

    Quinta das Bateiras (1987), por Georges Dussaud Na terra, camponês, vejo-te derreado ao peso de tanto azul, como o chasco que não se deixasse nomear e andasse de ramo em ramo dentro do carrasco, sem descobrir uma saída. Morreremos ambos ao som da mesma flauta, pois ambos temos de cultivar uma vinha em declive. Escrever [...] Continuar a Ler
  • O verde

    O verde é a cor mortal por excelência, por isso mondar as campas rasas é sabê-lo de cada vez, avivando a imagem de quem ali está; e os jazigos de pedra não se apercebem disso. “Anima bella daquel nodo sciolta”, disse Petrarca. Verde, eis a verdadeira cor da palavra poética. Ninguém a lê sem mondar [...] Continuar a Ler
  • Quinta da Ervamoira (1987), por Georges Dussaud Versos que parecem uma brincadeira mas não são

    Quinta da Ervamoira (1987), por Georges Dussaud I O Douro gera vinho e pedra; vida - - pedra é o que gera: pedra nua bem os- suda, bem os- suda, bem des nuda.   II O Douro gera vinho e pedra - disse al- guém que Deus lá tem, disse al- guém que quis di- [...] Continuar a Ler
  • Criança a jogar O prazer lúdico

    Encarecer a necessidade do prazer lúdico num tempo em que a crise económica parece avassaladora, sendo fracos os indícios de contenção, afigurar-se-á como jogo perigoso. É certo que o industrialismo expansionista, apesar de ameaçado, ele que se julgava na posse do segredo da galinha dos ovos de ouro, tenta recompor-se, fazendo orelhas moucas aos arautos [...] Continuar a Ler
  • Paisagem cultural duriense

    Estou há meia hora debaixo da ramada, a quarenta e cinco passos do portão, atento ao que vai na rua. Ainda não vi um homem a cavalo: vê-se cada vez menos. Pouca gente e alguns carros — sinal de quê? Um rapaz de pólo sanguíneo atrai-me a atenção: atira com uma bola ao ar, não [...] Continuar a Ler
  • Quinta de Cimo de Sande (1985), por Georges Dussaud Corrida de cestos vindimos

    Quinta de Cimo de Sande (1985), por Georges Dussaud As vindimas são a maior festa natural do Douro. Trabalha-se e brinca-se, ao mesmo tempo. Um cacho de uvas na mão ou a caminho do lagar é uma promessa. Canta-se à vinda do trabalho; dança-se, à noite, num terreiro, onde se puder dançar; e os próprios [...] Continuar a Ler
  • In sofrimento (Graça Morais) Vilar de Perdizes

    In sofrimento (Graça Morais) Da relação com o desconhecido vive o Congresso de Medicina Popular em Vilar de Perdizes. Um lacrau passeia douradamente no antebraço do curandeiro. E certa mulher, que havia urinado a sabedoria deste mundo e do outro nuns codessos, deixa-se morder. O cancro resistirá ao veneno (sabe- -se lá) mas a flor [...] Continuar a Ler
  • Romaria de Nossa Sra. da Saúde, Saudel, Portugal Emigrantes

    Portugal cheiinho de emigrantes. A rebentar pelas costuras. A transbordar. Nas aldeias, nas vilas e nas pequenas cidades do interior os emigrantes dão nas vistas: carros que voam, dinheiro a luzir, a alegria dum abraço. Tudo ruidoso. A saudade das férias. A esperança reanimada ao calor das noivas e das mães. Alguns sonhos partidos, é [...] Continuar a Ler
  • Banho Santo, São Bartolomeu do Mar, Esposende Oh meu S. Bartolomeu

    Ora atenção a S. Bartolomeu (ou Bertolameu, como também se diz em S. Bartolomeu do Mar, a uma cancha de Esposende) cuja festa se aproxima e de quem vou hoje falar de raspão, ao bulir-me pitoresca parlenda que, espraiada entre o responso, a encomendação e a xácara, eu conhecia em criança como remédio contra coisas […]

    Continuar a Ler
  • Transporte de cortiça, Alentejo (décadas de 1950-60). Foto de Artur Pastor. Os nossos governos

    Transporte de cortiça, Alentejo (décadas de 1950-60). Foto de Artur Pastor. Numa coisa os nossos governos têm sido escrupulosamente cristãos: mantêm a agricultura pobre para cumprir a profecia de Cristo que diz: pobres sempre os tereis convosco. Emigração clandestina Ler mais Continuar a Ler