• Cruz

    oh cerejas cor de fogo tão lento / quase a chegar a esta cruz de ramo alto e sacrificial ainda vazio

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  • Pai da Carne O Pai da Carne

    É assim que lhe chamam em Cheires (concelho de Alijó): Pai da Carne – um grande boneco de palha e trapos, com um falo monumental. A festa acontece na noite de Terça-Feira Gorda e é um dos luxos da rapaziada, um luxo que no fundo é um ato de expansão instintiva onde rumoreja um simbolismo que deve ser analisado.

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  • Matança do porco por Luís Borges Matança do porco

    Gordo, gordinho, matulão, o porco chega ao terreiro, conduzido por aquele que havia de lhe pôr termo aos dias de ceva. Mirones, apesar do chuvisco frigidíssimo. Motivo para estar ali um garrafão encarapuçado por um púcaro de alumínio. «Vai um?» «Claro!» Dantes, já lá vão uns anitos, quando eu assistia ao ritual, reparava em um ou dois molhos de palha que se destinavam a faxucar o animalzinho; agora olho, com alguma nostalgia, para uma botija de gás. O fumo da palha tinha outro encanto, carregada que era de símbolos sacrificiais.

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  • Poema de Natal

    Os desempregados e os que andam na guerra, aqui ou no Afeganistão, passam um Natal semelhante: perderam as certezas. O tempo não corre e congela nos livros, confundindo o futuro com o passado. Só se ouvem as gralhas. Europa, Europa, tão distraída me saíste! in Semanário Transmontano (21-12-2001) Continuar a Ler
  • Carta para um amigo da cidade

    Homem a ler uma carta por Tamor Kriwaczek A vida aqui decorre normalmente. Nada de novo ou pouco. O tempo anda na montanha, circula como um bicho em fruto oco. Que hei-de eu dizer? Que faltam braços de homem para o campo e há quem se ponha a entristecer com sua inútil razão? Não sei [...] Continuar a Ler
  • Rio, Trás-os-Montes, por Luís Borges E o rio

    E O RIO quem o vê erguer-se do leito e pousar as formosas vogais, de vinha em vinha? O rio tem a forma dum sexo em pleno voo.

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  • Caldeireiro O caldeireiro

    Caldeireiro Quando o tempo começa a tartamudear e os primeiros calafrios ameaçam a folhagem, o caldeireiro assoma à boca da rua. Aí vem ele. Da mão pinga-lhe uma sertã em cujas costas martelinho ligeiro, repenica, como se ela estivesse com soluços. Todo o bicho-careto, especialmente o gado fraldeiro, mete o nariz por janelas e janelos, [...] Continuar a Ler
  • Assador de castanhas por Luís Borges 11 de Novembro

    Naquele magusto, já estava o sol a pôr-se e a gente continuava a dançar à volta do borralho. Alguém aproveitou o contra-luz para tirar uma fotografia onde se vê a alma de uma rapariga celta a voar para o castro. Há quem diga que não, que é apenas um efeito luminoso, aliás interessante. Fica a […]

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  • António Cabral (anos 2000) Entrevista com António Cabral

    Parte I   Parte II Entrevista com António Cabral efectuada a 29 de Abril de 2001, no programa de rádio "Café Connosco" da Rádio Voz do Marão Continuar a Ler
  • Casais do Douro (1987), por Georges Dussaud Aos pequenos viticultores durienses

    Casais do Douro (1987), por Georges Dussaud A VINHA, coisa breve. Fica num altinho. E o ti Quim vê ao longe o Marão onde se afundam muitas estrelas brilhantes e é por isso que aí nascem os ventos. Se tossir, levanta-se uma revoada de estorninhos. Estorninhos, ou melhor, um cacho de tinta roriz que solta [...] Continuar a Ler