• Homem a rir-se Dia das mentiras

    O dia 1 de Abril é o Dia das Mentiras. Estas já se esperam e por isso na maior parte das vezes não surtem o efeito desejado. Mas há quem se descuide. Por vezes, multidões. Célebre ficou a mentirinha do jornal londrino Daily Herald, em 31 de Março de 1905: “Se tiverem caroços de pêssegos [...] Continuar a Ler
  • Páscoa

    Toda a ressurreição é uma passagem. Ressuscitar é mudar de lugar. O que é possível ver no que se não vê. O milagre. E o cientista quântico é um pescador de milagres. De ostras. Há ostras por toda a parte e em cada uma delas uma pérola. A ciência e a religião, imbuídas de arte […]

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  • Cemitério, Galafura, por Humberto Santos Onde se fala de mortos vivos

    Quando a noite invade brejos e fundões, encruzilhadas, descampados, casarões e especialmente os cemitérios, a imaginação humana tende a ser também invadida pelo sentido do oculto e pela insegurança, o que não raro está na origem de bizarras ilusões e alucinações em que falsamente se percepcionam coisas do arco da velha. “Era a mão dele, fria como o gelo, que me apertava a garganta. Até acordei sobressaltada, banhada em suor”. “Olha, foi ali: a feiticeira saiu-me da esquina, pôs-se a dançaricar e a rir-se de mim a descarada”. “O lobisomem vinha com a aguilhada, em cima de um cavalo que corria a toda a brida; foi por Deus que me desviei, se não furava-me os olhos”. “Eu vi-o, eu vi-o, juro-te: dois olhos a arder e as manápulas a virem para mim; era o ti Belisário a sair da campa: lá tinha coisa que o chamasse, porrinha!, não sei como escapei”, etc.

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  • Sob os álamos

    Generalidades, generalidades… Só a poesia é gloriosamente múltipla: o relevo de cada ser, uma gruta.

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  • Jogo das andas

    Suponhamos que dois rapazes chegam a um ribeiro que não podem atravessar sem molharem os pés. Para evitarem este incómodo, tentam descobrir o processo de passarem para o outro lado, isto é, servem-se da inteligência, evocando ao mesmo tempo qualquer experiência passada. Numa palavra, engendram uma táctica. Saltar? É uma hipótese, que, todavia, abandonam, por [...] Continuar a Ler
  • Flores para o Zé da Naia

    Entra. Vivo nesta casa, a minha tebaida. A bem dizer, mais no prédio que na casa. E agora vais beber um copito do meu tintol, isso é que vais. Vais tu e vou eu. Por estes pucarinhos de barro que são ainda do tempo da Maria Cachucha. Que sim? Ora, à saúde dos velhos tempos. […]

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  • Cavalinho (Pinhão, Carnaval de 1999) Uma tradição popular do Carnaval

    Eu era ainda pequeno, 6 ou 7 anos, talvez um pouco menos, um pouco mais, tento abrir uma janela nos véus ondulantes da memória, ele subia pela rua acima, chongla-chongla, e nós espreitávamos pelas grades do adro, uma curiosidade receosa, uma quentura a subir aos olhos e a fazê-los arder em bolinhas azuis. Era uma [...] Continuar a Ler
  • Foto de Alberto Restifo (Unsplash) A neve

    Veio de noite, silenciosa, E tentou abafar, sob a penugem Das asas, o clamor desta miséria. Mas o vento soprou, enrodilhou-a E deixou-a Ensanguentada, à beira do caminho. E foi aí que o sol, doido varrido, A apunhalou, Comendo-a ferozmente, voluptuoso.

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  • Miguel Torga por Bottelho O Orfeu rebelde

    Miguel Torga por Bottelho Quando em 1962 escrevi sobre ele um texto que posteriormente vim a publicar, não descansei enquanto não lho mostrei na sua casa de S. Martinho de Anta. Estava acompanhado da esposa e eu lia, prescrutando-lhe os gestos, que sempre lhe rebentavam de dentro, como renovo de mato bravio. Sabia já que [...] Continuar a Ler
  • De e sem

    A política de cera e a cera da política. A solução sem governo e o governo sem solução.

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