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Poema de Natal
Os desempregados e os que andam na guerra, aqui ou no Afeganistão, passam um Natal semelhante: perderam as certezas. O tempo não corre e congela nos livros, confundindo o futuro com o passado. Só se ouvem as gralhas. Europa, Europa, tão distraída me saíste! in Semanário Transmontano (21-12-2001) Continuar a Ler -
Carta para um amigo da cidade
Homem a ler uma carta por Tamor Kriwaczek A vida aqui decorre normalmente. Nada de novo ou pouco. O tempo anda na montanha, circula como um bicho em fruto oco. Que hei-de eu dizer? Que faltam braços de homem para o campo e há quem se ponha a entristecer com sua inútil razão? Não sei [...] Continuar a Ler -
E o rio
E O RIO quem o vê erguer-se do leito e pousar as formosas vogais, de vinha em vinha? O rio tem a forma dum sexo em pleno voo.
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O caldeireiro
Caldeireiro Quando o tempo começa a tartamudear e os primeiros calafrios ameaçam a folhagem, o caldeireiro assoma à boca da rua. Aí vem ele. Da mão pinga-lhe uma sertã em cujas costas martelinho ligeiro, repenica, como se ela estivesse com soluços. Todo o bicho-careto, especialmente o gado fraldeiro, mete o nariz por janelas e janelos, [...] Continuar a Ler -
11 de Novembro
Naquele magusto, já estava o sol a pôr-se e a gente continuava a dançar à volta do borralho. Alguém aproveitou o contra-luz para tirar uma fotografia onde se vê a alma de uma rapariga celta a voar para o castro. Há quem diga que não, que é apenas um efeito luminoso, aliás interessante. Fica a […]
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Entrevista com António Cabral
Parte I Parte II Entrevista com António Cabral efectuada a 29 de Abril de 2001, no programa de rádio "Café Connosco" da Rádio Voz do Marão Continuar a Ler -
Aos pequenos viticultores durienses
Casais do Douro (1987), por Georges Dussaud A VINHA, coisa breve. Fica num altinho. E o ti Quim vê ao longe o Marão onde se afundam muitas estrelas brilhantes e é por isso que aí nascem os ventos. Se tossir, levanta-se uma revoada de estorninhos. Estorninhos, ou melhor, um cacho de tinta roriz que solta [...] Continuar a Ler -
Jogar é um direito da criança
Às vezes, os pais ficam muito surpreendidos porque deram ao petiz um cavalinho com rodas e ele, às duas por três, em vez de montar no cavalinho, encarrapita-se numa cadeira, pó, pó!, aí vai ele como o Ayrton Senna. Explicação: quando uma criança já não encontra qualquer novidade num objecto, abandona-o. Pode também acontecer que, […]
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Daniel Gonçalves
Prémio Literário António Cabral 2013 Fotografia por Emily Goodhart (Unsplash) Poema com Mário Cesariny: como uma canção desesperada estou a dizer-te que já todos os poetas inventaram o amor que nas minhas mãos o amor é apenas silêncio que vaza que o amor não pode ser mais belo do que este verso: antes de conhecer-te [...] Continuar a Ler -
O homem que fugiu com o rio às costas
Nesta aldeia ainda vivem algumas pessoas que ao olharem para trás se codificam nas crenças insolúveis como areias que umas sob as outras ficam. Feiticeiras continuam a dançar na encruzilhada, algumas com dentes sãos pilhados a moribundos. Aqui havia um moinho, ali um lagar de xisto, naquele ramo de freixo um pescador se enforcara. Sexta-feira, [...] Continuar a Ler